Um padre também come! E se não tem quem cozinhe tem que cozinhar (que remédio!). E hoje foi um dos dias em que cozinhei. Tinha decidido que ia fazer uma sopa mas mudei de ideias e optei por fazer um arroz seco e uma pescada cozida em tomate a acompanhar. O acto de cozinhar acaba por ser, sempre, um manancial de cheiros e de cores. O azeite, a cebola e o tomate fazem delícias na boca, na panela e no nariz. Que bom!
Quando cozinho sinto mais prazer em fazê-lo que em comer. Quando tenho tudo pronto na mesa (para comer) parece que já perdi o apetite. Comer sozinho numa mesa que têm seis cadeiras é dos actos mais dramaticos que se pode ter. Comer é um acto comunitário e fazê-lo sozinho parece contraditório e até 'imoral'. Haverá maior solidão que uma pessoa sozinha a almoçar ou a jantar? Creio que não!
Ser padre, em muitas circunstâncias, é viver na solidão, por muito que não pareça. Contactamos com muita gente mas chegamos a casa e não encontramos ninguém; vamos a um restaurante e parodoxalmente estamos sozinhos numa mesa para mais dois ou três e rodeados de 'muitos' dois, três ou quatro; Queiramos ou não é assim! Uma solidão permanentemente acompanhada (acreditamos).