segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Terminar ou começar?

Está quase a terminar um ano ou está quase a começar outro? Pela resposta que cada um der pode-se ver como correu o presente ano! Para uns importa que termine este; para outros importa que comece outro.
Para mim o importante não está de um lado ou do outro da barricada. O importante está na avaliação do passado e na projecção do futuro. Mas pouco se avalia e pouco se projecta; parece que tudo é um navegar com terra à vista ou em águas pouco profundas!
Quando se avalia é o que se fez e nunca o que não se fez ou o que se poderia ter feito. Isto é o resultado da ausência de projecto e de objectivos; é o resultado da ausência de comprisso e de nos inscrevermos naquilo que fazemos.
Que estes últimos dias do ano nos ajudem a pensar, a avaliar e a projectar!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Copenhaga e o clima

Nos últimos dias tudo gira à volta do clima e à falta de clima favorável na Cimeira de Copenhaga. As politicas e os políticos raramente se entendem quando implica conjugar esforços para bem de todos e não apenas de alguns.
A crise ecológica ou as alterações climáticas são o fruto mais evidente da sociedade de consumo que tudo relativiza. Sem fundamentos e sem identidade esta sociedade caminha para o abismo - as alterações climáticas (entre outras). E quem se importa com isso? Muito poucos! 'Se o meu umbigo não tem problemas posso dormir descansado'!
O Papa Bento XVI, na sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz, incentiva a preservar a criação para construir a paz. Preservar a criação é "hoje essencial para a convivência pacífica da humanidade" (nº 1).
O Papa fala da necessidade de criar um modelo de desenvolvimento para a humanidade fundado precisamente "na centralidade do ser humano, na promoção e partilha do bem comum" (nº 9). Compreender e acolher o ser humano como criatura de Deus e o mundo como obra criadora de Deus é o caminho para a salvaguarda e o respeito por ambos, criando "uma visão igualitarista da 'dignidade' de todos os seres vivos" (nº 13). A ausência desta perspectiva leva ao 'safe-se quem poder' e ao relativismo.
"A questão ecológica não deve ser enfrentada apenas por causa das pavorosas perspectivas que a degradação ambiental esboça no horizonte; o motivo principal há-de ser a busca duma autêntica solidariedade de dimensão mundial, inspirada pelos valores da caridade, da justiça e do bem comum" (nº 10).
A ausência de Deus leva à ausência de sentido; deixemos que Deus entre nas nossas vidas!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

VI - Bíblia - Palavra de Deus

Bíblia A palavra ‘Bíblia’ vem do grego o significa ‘livros’. A origem vem da palavra Byblos (cidade fenícia que comercializava o papiro no qual se escrevia além do pergaminho e da cerâmica). Como o nome indica a Bíblia é composta por 73 livros; 46 do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento. Podemos dizer que a Bíblia é uma pequena biblioteca onde está narrada a história do povo de Israel, a história da pessoa de Jesus, as suas pregações e a história das comunidades cristãs primitivas. Quando usamos a palavra ‘história’ não significa que se trata de um tratado de historiografia de sabor científico como entendemos na cultura actual. A Bíblia apresenta a ‘história’ de personagens crentes (o que se passa com os homens e com as mulheres numa perspectiva de cultura religiosa). A Bíblia não apresenta uma história neutra – a visão é sempre crente. “Na Bíblia encontramos todos os géneros literários: mito, saga, poesia, romance, carta, ensaio, evangelho (género único em toda a literatura), apocalipse, história” (Joaquim Carreira das Neves). A bíblia apresenta uma interpretação teológica da história. O leitor da Bíblia tem que ter necessariamente isto em conta e não pode partir para uma leitura literal e unilateral. Os livros da Bíblia não foram escritos por uma pessoa nem de uma só vez, assim como não foram escritos pela ordem que aparece na Bíblia. A cultura hebraica é profundamente oral. A oralidade ocupa o centro da palavra. Muito raramente e só numa época muito tardia se começa a escrever. Assim, as ideias são transmitidas de geração em geração oralmente (cada época acrescenta a sua perspectiva e a sua releitura). A cultura hebraica é oral mas começaram a escrever aquilo que consideravam mais significativo para o povo. Escrevia-se o mais importante e de forma sintetizada. A ordem dos livros não é histórica mas lógica. Antigo Testamento Os 46 livros do AT narram os acontecimentos desde a criação do mundo até aos finais do século I a.C. No AT, através dos patriarcas, reis, profetas, sacerdotes, luta-se por uma nova maneira de ler a história à luz de uma nova fé num Deus único em oposição ao politeísmo circundante (Assíria, Babilónia, Egipto, Pérsia, Grécia, Roma). Esta nova visão da história traz consequências na concepção do ser humano e do mundo. O AT está dividido em 4 secções: Pentateuco, Históricos, Sapienciais e Proféticos (ver introduções da Bíblia Sagrada – Difusora Bíblica). Alguns exemplos de origem dos textos e posterior redacção escrita: Pentateuco atribuído a Moisés só foi redigido pelo século V a.C.; os livros históricos que narram acontecimentos desde o século XIII a.C. só foram redigidos entre o século V e I a.C. Novo Testamento Os 27 livros do NT narram a história de Jesus, os acontecimentos por ele operados, os seus ensinamentos e o inicio das primeiras comunidades cristãs (escritos entre o século I e o II d.C.). O NT centra-se na pessoa de Jesus de Nazaré e, sobretudo, no mistério pascal da Sua Morte e Ressurreição acreditado por Judeus e não judeus como o Messias esperado (Filho de Deus). Foi esta nova visão ou concepção do mundo e do ser humano trazida por Jesus que determinou a cultura do Ocidente e onde esta chegou levada pelos europeus. O NT está dividido em 5 secções: Evangelhos e Actos; Cartas de Paulo; Carta aos Hebreus; Cartas Católicas e Apocalipse. Como no AT também no Novo a ordem não é cronológica mas lógica. As cartas de Paulo aos habitantes de Tessalónica (actual Turquia) foram escritas entre o ano 49 e 51 d.C. e são dos primeiros escritos do NT enquanto o Evangelho de Marcos foi escrito pelo ano 70 d.C. Dei Verbum A Constituição Dogmática Dei Verbum é o documento do Concílio Vaticano II (1962/65) acerca da Palavra de Deus na vida da Igreja. Este documento apresenta a forma como se deve interpretar e o lugar primordial que ocupa a Palavra de Deus – Revelação de Deus (Deus que se vai mostrando progressivamente à humanidade). Deus inspirou (não ditou) o ser humano para escrever a Sua Palavra – Palavra que salva. Deus fala e está na Sua Palavra. O Deus criador No livro do Génesis ou das origens aborda a temática da origem humana à luz da fé. O Génesis apresenta dois mitos da criação do ser humano (capitulo 1 e 2). A ciência através de Darwin fala de evolucionismo e a Bíblia de criação em sete dias. Quem fala verdade? A verdade está do lado da ciência e do lado da Bíblia, tudo depende da forma como lemos o texto. Um texto bíblico não pode ser lido de forma literal e historicista mas no seu contexto e como mensagem de fé. O Livro do Génesis é o livro da Bíblia onde o povo de Israel coloca as questões fundamentais da existência e às quais dá uma resposta crente, muitas vezes com uma perspectiva antropomórfica (atribuição de características humanas a Deus) de Deus. Como vimos o Génesis apresenta dois mitos da criação, duas correntes de resposta ao problema da origem dentro do povo de Israel. “A criação consiste no acto performativo ou criativo da Palavra que transforma o caos em cosmos. Não se trata de criação em sentido científico ou evolucionista, mas de história de salvação” (Joaquim Carreira das Neves). A semana da criação termina com o descanso sabático. A perspectiva de Deus criador só surge muito mais tarde no contexto hebraico – Deus era libertador (do Egipto); um Deus que acompanhava o povo (aliança) logo também tem que ser criador porque o Deus de Israel domina a história. Questão: Tendo em conta o exposto a Bíblia opõe-se à ciência? Posso fazer uma leitura literal da Bíblia? Explica como posso acreditar no que a Bíblia diz e estudar ciência (mínimo 15 linhas). Próximo encontro no dia 9 de Janeiro às 21h;
[Texto realizado para encontro de Formação para a celebração do sacramento da Confirmação – Melgaço]

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Onde estão os milhões?

Quem passa várias vezes por semana na estrada de Lamas de Mouro para o São Bento do Cando ou para a Branda da Aveleira apetece-lhe perguntar: 'onde estão os milhões?'
A estrada ficou em estado lastimável pelo passar contínuo dos camiões para instalar o parque de energia eólica. Esses parques rendem ou renderam milhões mas a estrada está cheia de buracos (como mostram as fotografias) e ninguém faz nada. Num ano apenas se tem degradado sem que ninguém faça nada, a não ser tentar sair de um buraco para cair noutro.
Assim anda este nosso país que aposta nas novas tecnologias e nas energias alternativas. Apetece dizer: fora isso tudo bem! Ou tudo mal!

SMS ... Natal ... SMS

Vivemos no tempo da comunicação global: as redes sociais (hi5; facebook; orkut; etc.), as SMS, o twitter ou o blog, entre outros. No Natal trocamos comunicação com muitas pessoas, mais ou menos conhecidas. Por entre teclas desejamos um bom Natal ou um bom Ano Novo. Mas será que comunicamos de facto? Será que desejamos com sinceridade um Bom (Santo) Natal? Ou pelo contrário só dizemos ou só enviamos SMS para não estar quieto ou porque todos fazem o mesmo? Temo que no meio de tanta comunicação olhemos apenas para o nosso umbigo e esqueçamos tudo o resto. Tanto desejamos um ‘Bom Natal’ como dizemos ‘hoje está sol’. Nada nos alegra, nos convoca ou implica. No tédio em que vivemos dizemos coisas sem sentir e sem pensar. Enviamos uma SMS ou descarregamos duas palavras no twitter que logo são lidas e apagadas – numa fracção de segundos são e deixam de ser. Por isso nada nos implica. Tudo é virtual e, por isso, indiferente. Os postais e as cartas (nada de saudosismo!) podiam ler-se e reler-se – eram um pouco da pessoa que estava ali. Tudo parecia e era realmente mais real. Mas este é o nosso tempo! Temos que usar a SMS e o twitter mas também temos que chegar perto daqueles que nos são próximos. Não podemos enviar uma SMS para o outro lado do Atlântico e esquecer de viver e celebrar o Natal com aqueles que connosco vivem todos os dias. O espírito do Natal é o da alegria, da companhia, da paz, da generosidade, da caridade. Que cada um de nós (a começar por mim) seja capaz de viver e de proporcionar um Santo Natal!