quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Deus/Liberdade/Humanidade

"Onde estava Deus quando aconteceu aquela tragédia no Haiti? A tomar um café ou no ginásio?" Maria Albertina Esta pergunta merece uma tentativa de resposta da minha parte [mesmo discordando do tom irónico com que é colocada - a grande tentação do ser humano, de todos os tempos, é atribuir a Deus características humanas (da qual o maior exemplo é a mitologia grega e latina)sendo que Deus é TOTALMENTE diferente. Dizer onde estava Deus é fácil e dificil ao mesmo tempo. Deus estava e está em cada ser humano(doutrina paulina do ser humano como templo do Espírito Santo - morada de Deus) e em todas as criaturas. Perguntar por Deus tem que pressupor um acreditar (exemplo disto na Bíblia é o Livro de Job que interroga acreditando). Deus não pode ser nem é um 'tapa buracos' ou um 'sete ofícios' que resolve os problemas da humanidade. Deus só faz aquilo que o ser humano não pode fazer! Deus (segundo a tradição cristã) criou-nos livres. A LIBERDADE para O amar ou para o rejeitar; a LIBERDADE para fazer o bem ou o mal; a LIBERDADE para vivermos as consequências das nossas acções. Tudo tem consequência! No Haiti não se nota a ausência de Deus mas a ausência de princípios humanos e éticos (nomeadamente dos seus responsáveis)! Todos nós sabemos que o terramoto (sendo natural) só causou uma catástrofe desta dimensão por causa da pobreza do país; tinha costruções muito precárias e o solo em erosão por causa da elevada desflorestação para produzir energia (bem visível em imagens satélite). Existem erros humanos, nomeadamente políticos, e não da parte de Deus. Porque é que o país vizinho (República Dominicana)pouco foi afectado? Porque os políticos e as políticas são outras. E, aqui, os Estados Unidos da América (como outros países)têm muita responsabilidade nesta situação. As causas de tão grande catástrofe são naturais, humanas, políticas mas não divinas. Cristo sofreu e morreu na cruz para nos dizer que todos nós podemos vencer essas circunstâncias da vida. O momento para com o Haiti é de caridade e de colaboração mas não esqueçamos os pequenos haitis que temos ao lado da porta! Espero ter ajudado!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

VIII - O Deus dos Profetas

Deus libertou o povo da escravidão e conduziu-o através de prodígios até à Terra Prometida. Nesta caminhada muitas foram as dificuldades, as tristezas, os anseios, os sonhos e as esperanças. No Monte Sinai Deus fez uma Aliança com o povo e deu-lhe uma Lei – meio de concretização da Aliança. A Aliança firmada entre Deus e o povo era de exclusividadade. Profeta A figura do profeta define-se como aquele que fala em nome da divindade. No caso do povo de Israel a tarefa do profeta é lembrar a missão (a Aliança) que deriva da Lei. Os profetas bíblicos não são vistos como adivinhos mas como aqueles que anunciam o que é justo e denunciam as injustiças com a autoridade que lhes advém da íntima relação que têm com Deus e do seu exemplo. A bíblia apresenta-nos muitos profetas, por exemplo: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Amós, Oseias, Joel, Miqueias, entre outros. Função dos profetas e seu contexto Depois da libertação do Egipto o povo caminha pelo deserto com muitas dificuldades. Moisés morreu sem entrar na Terra Prometida e sucedeu-lhe Josué que conduziu o povo até Canaan (terra fértil e muito sonhada). Ao chegar a Canaan verifica-se uma mudança radical ma forma de viver do povo. As tribos nómadas do deserto adquirem vida sedentária tornando-se agricultores e pastores com residência estável. Isto vai alterar totalmente os relacionamentos e a forma de ver a vida e de sentir a presença do próprio Deus. Contactam e interagem com outros povos numa situação mais evoluída no cultivo na terra que são politeístas e que tem por exemplo um deus ou uma deusa da fecundidade. Estes deuses aparecem mais sedutores que o Deus invisível que os conduziu pelo deserto. O povo teve muitas tentações e chegou mesmo a cair no pecado da idolatria (o maior pecado face a Deus). É neste contexto que os profetas surgem como enviados de Deus para ajudar o povo a manter-se fiel à Aliança. Os profetas durante séculos orientaram a vida religiosa do povo. Os profetas denunciam os vícios, os pecados, as infidelidades e anunciam ou despertam o povo para a esperança e para a confiança em Deus. O Profeta desafia à esperança – Jesus Os profetas comunicam uma mensagem que não é sua mas de Deus e abrem o olhar do povo para a esperança na vinda de um Salvador. Actualizam a Lei para a vida concreta do povo alertando para uma Aliança gravada no coração (interior); a terra prometida é o Reino de Deus. Assim os profetas fazem um apelo ao cumprimento da Aliança orientando as pessoas para um acontecimento de futuro que transformará o curso da história humana. Palavra de Deus Vocação “A palavra do SENHOR foi-me dirigida nestes termos: Antes de te haver formado no ventre materno, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei e te constituí profeta das nações.» E eu respondi: «Ah! Senhor DEUS, eu não sei falar, pois ainda sou um jovem.» Mas o SENHOR replicou-me: «Não digas:'Sou um jovem'. Pois irás aonde Eu te enviar e dirás tudo o que Eu te mandar. Não terás medo diante deles, pois Eu estou contigo para te livrar» - oráculo do SENHOR. Em seguida, o SENHOR estendeu a sua mão, tocou-me nos lábios e disse-me: «Eis que ponho as minhas palavras na tua boca; a partir de hoje, dou-te poder sobre os povos e sobre os reinos, para arrancares e demolires, para arruinares e destruíres, para edificares e plantares” [Jr 1,4-10]. Denúncia “Assim fala o SENHOR: «Por causa do triplo e do quádruplo crime de Israel, não revogarei o meu decreto. Porque vendem o justo por dinheiro e o pobre, por um par de sandálias; esmagam sobre o pó da terra a cabeça do pobre, desviam os pequenos do caminho certo” [Am 2, 6-7]. Anúncio “O servo cresceu diante do SENHOR como um rebento, como raiz em terra árida, sem figura nem beleza. Vimo-lo sem aspecto atraente, desprezado e abandonado pelos homens, como alguém cheio de dores, habituado ao sofrimento, diante do qual se tapa o rosto, menosprezado e desconsiderado. Na verdade, ele tomou sobre si as nossas doenças, carregou as nossas dores. Nós o reputávamos como um leproso, ferido por Deus e humilhado. Mas foi ferido por causa dos nossos crimes, esmagado por causa das nossas iniquidades. O castigo que nos salva caiu sobre ele, fomos curados pelas suas chagas. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas perdidas, cada um seguindo o seu caminho. Mas o SENHOR carregou sobre ele todos os nossos crimes. Foi maltratado, mas humilhou-se e não abriu a boca, como um cordeiro que é levado ao matadouro, ou como uma ovelha emudecida nas mãos do tosquiador. Sem defesa, nem justiça, levaram-no à força. Quem é que se preocupou com o seu destino? Foi suprimido da terra dos vivos, mas por causa dos pecados do meu povo é que foi ferido” [Is 53, 2-8]. Jesus: o profeta por excelência “Muitas vezes e de muitos modos, falou Deus aos nossos pais, nos tempos antigos, por meio dos profetas. 2Nestes dias, que são os últimos, Deus falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por meio de quem fez o mundo” [Heb 1, 1-2]. Questão: Imagina-te como um profeta enviado por Deus e redige um comunicado ao povo (mínimo 15 linhas) sem esquecer os profetas davam o exemplo daquilo que anunciavam. Próximo encontro no dia 6 de Fevereiro às 21h; [Texto realizado para encontro de formação para a celebração da Confirmação em Melgaço]

domingo, 10 de janeiro de 2010

O frio, o gelo, a neve ...

O frio, o gelo e a neve têm sido visita frequente nos últimos tempos - também é o seu tempo! Resta uma boa lareira acesa noite e dia para combater as temperaturas negativas. Uma lareira numa casa faz milagres!
Hoje confirmei a minha firme decisão de que com gelo ou neve não conduzo. Porque não é necessário limpar as valetas para que a água corra nelas andei a fazer patinagem artística de carro; porque Alguém de cima pegou no carro não caí pelo monte abaixo (de carro) sim porque caí várias vezes mal coloquei os pés no chão. Aventuras com final feliz!

VII - Do Deus libertador ao Deus da Aliança

No último encontro partimos ao encontro da Bíblia – Palavra de Deus. Vimos, essencialmente, o enquadramento histórico dos diferentes livros da Bíblia; tecemos algumas considerações sobre o livro do Génesis e sobre a centralidade da Palavra de Deus na vida da Igreja e de cada crente. A história da salvação começa com a vocação de Abraão e continua com a renovação da promessa aos seus descendentes Isaac e Jacob (são conhecidos como os patriarcas – pais na fé). No entanto, a centralidade da fé do Povo de Israel reside no acontecimento do Êxodo (saída da escravidão do Egipto para a terra da liberdade). Moisés torna-se na figura mais representativa do Antigo Testamento – falava face a face com Deus. Deus Libertou o seu povo O Povo de Israel passou a ler a sua história e sua vida à luz do acontecimento libertador do Êxodo. Dos descendentes de Isaac e de Jacob vários emigraram para o Egipto e pequena quantidade e foram recebidos pelos egípcios. Mas em pouco tempo tornaram-se numa grande multidão devida à elevada taxa de natalidade. O faraó assustou-se e para os controlar submeteu-os a trabalhos forçados mas como continuavam a nascer muitas crianças ordenou que todo o menino israelita que nascesse fosse lançado ao rio. Moisés É nesta situação que nasce Moisés e a mãe para o salvar coloca-o numa cesta calafetada junto ao rio. A filha do faraó veio ao rio, viu o bebé a chorar e resolveu adoptá-lo dando-lhe como nome Moisés que significa: salvo das águas. Foi levado para o palácio e educado na sabedoria e na cultura dos egípcios – tornou-se uma pessoa importante. Descobriu que era israelita e foi visitá-los. Não podia suportar a injustiça de que eram vitimas e procurou que se unissem para se libertar da injustiça; encontrou resistência por parte deles e chegado aquele ponto do caminho só lhe restava a fuga pois se o faraó soubesse dos seus intentos estava desgraçado. Fugiu e foi viver como estrangeiro na terra de Madian. Casou, formou família e era pastor. Andava a pastorear o rebanho no Monte Horeb quando lhe apareceu Deus numa sarça-ardente. Deus Chama por Moisés e apresenta-se como o Deus de seus pais: Abraão, Isaac e Jocob e dá-lhe uma missão – libertar do sofrimento do Egipto o Povo de Israel. Moisés tinha ainda presente a experiência do fracasso da primeira tentativa, conhecia o poderio dos egípcios no entanto parte com confiança porque a obra não é dele mas de Deus. Perante Deus e perante a missão que Deus lhe confia mais se sente pequeno e incapaz. Moisés parte para o Egipto fala com o faraó e Deus intervém através de sinais (as pragas do Egipto) e povo confia em Moisés. O faraó cede e os israelitas partem, na noite da partida celebraram a Páscoa à pressa e comeram cordeiro e ervas amargas. Partiram de madrugada mas o faraó manda o exército no seu encalce. Os obstáculos são muitos mas Deus intervém de forma prodigiosa e povo consegue partir e entrar no deserto. Deserto Após a libertação o povo caminha pelo deserto até ao Monte Sinai. Depois de atravessar a Mar Vermelho abre-se diante do povo o deserto desolador. O deserto é o lugar da provação, da dificuldade e da purificação. Os israelitas sofreram muitas provações: a sede, a fome, entre outras. Nestas situações o povo revolta-se contra Moisés e chega até a desejar a comida da escravidão – onde havia cebola e carne. O deserto proporciona a mudança de mentalidade; proporciona a descoberta de que a liberdade é dom de Deus mas também tarefa nossa; proporciona a confiança em Deus. Aliança Depois de três meses de provação no deserto o povo chega ao Monte Sinai. Nesse lugar dá-se o acontecimento determinante de toda a história do Povo de Israel – Deus faz com o povo uma aliança. Deus compromete-se a assistir o povo e o povo compromete-se a ser fiel a Deus. Deus torna-se protector de Israel e este em sua propriedade. Esta pertença a Deus tinha que se traduzir no comportamento do povo - em nome de Deus Moisés entrega ao povo os Mandamentos da Lei de Deus que apontam o caminho de fidelidade à aliança. Palavra de Deus Livro do Êxodo Pistas de análise Reflectir sobre o livro do Êxodo pode levar-nos a acolher como dom a liberdade; pode ajudar-nos a empreender um esforço de libertação e a celebrar a presença de Deus que liberta de tantas escravidões em que vivemos. Moisés vivia em solidariedade com o povo e em intimidade com Deus. Deus quer pessoas dignas e libertas. A fé liberta e promove valores humanos – solidariedade, coragem, fidelidade. A aliança mostra-nos o rosto autêntico de Deus – próximo, solidário, comunhão. Jesus encarna, sintetiza e congrega em Si o Deus libertador e o Deus da aliança. Questões Como pode a fé ser caminho de libertação? O povo via a presença de Deus continuamente – porque será que hoje as pessoas não vêem ou não sentem a presença de Deus? Procura responder tendo em conta a ideia de deserto (mínimo 30 linhas). Próximo encontro no dia 23 de Janeiro de 2010
[Texto realizado para encontro de preparação para a Celebração do Sacramento da Confirmação - Melgaço]

sábado, 2 de janeiro de 2010

Initius

Um ano começou.
Uma vida surgiu.
"Feliz e próspero ano novo!"
"Que criança tão bonita!"
Uma alegria incontida
Abraça o Universo
da mãe, do pai, no filho
A esperança do que vão viver;
O brilho do que pode acontecer;
O sonho, caminho da imaginação
A esperança do que pode ser
Uma vida de feição
Para uma criança a nascer

Terminus

Um ano terminou.
Uma vida acabou.
"Que não venha outro pior!"
"Era tão boa pessoa!"
[O velório tudo encobria]
As lágrimas pelo que acabou;
Os risos (contidos) pelo que começou;
No fundo ...
Todos choravam sem saber!
A doença prolongada sem aceitação
Faz de nós moribundos sem saber
O cansaço da dor e da medicação
Arrastam-nos até morrer.