sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Felizes os que andam no Senhor

Deus que é amor (1 Jo, 8), criou-nos para o amor e para a felicidade. Deus quer-nos felizes porque nos ama. A felicidade é o nosso objectivo de vida. Ninguém em perfeita saúde mental quer ser infeliz. A felicidade é posta de parte pelo pecado, pela ausência de Deus. Jesus encarnou, sofreu a paixão, morreu e ressuscitou para nos oferecer a possibilidade de sermos felizes. "Na sua carne crucificada, a liberdade de Deus e a liberdade do ser humano juntaram-se definitivamente num pacto indissolúvel, válido para sempre. Também o pecado do ser humano ficou expiado, uma vez por todas, pelo Filho de Deus" [Bento XVI, Sacramento da Caridade, nº 9]. A ressurreição orienta e sustenta o nosso desejo de felicidade. A felicidade é dom, é dádiva e cabe a cada um de nós acolhê-la ou não em liberdade. "A felicidade faz parte da nossa fé. (…) Se a fé é um compromisso com Deus, a felicidade é também o seu fruto" [Marcovits, 2008, p.5]. A Sagrada Escritura tem muitas expressões começadas por ‘felizes’ – cerca de uma centena. Alguns exemplos:
"Felizes os teus homens, felizes os teus servos que estão sempre contigo e ouvem a tua sabedoria!" (1 Rs 10,8). "Feliz aquele a quem é perdoada a culpa e absolvido o pecado. Feliz o homem a quem o SENHOR não acusa de iniquidade e em cujo espírito não há engano" (Sl 32,1-2). "Feliz o homem que confia no SENHOR" (Sl 40,5). "Felizes os que crêem sem terem visto!" (Jo 20,29). "Feliz o homem que resiste à tentação, porque, depois de ter sido provado, receberá a coroa da vida que o Senhor prometeu aos que o amam" (Tg 1-12).
São pequenas frases, são "portas laterais da vida cristã" [Marcovits, 2008, p.6+ mas que devem ilustrar e animar a nossa vida de crentes. "São marcas de referência concretas, simples, humanas, frequentemente optimistas sobre o caminho que conduz a Deus e à felicidade de sermos todos irmãos e irmãs. São uma arte de viver" [Marcovits, 2008, p.6]. Neste contexto o Sermão da Montanha ou o Sermão das Bem-aventuranças (Mt 5, 1-12; Lc 6, 20-23) são as mais conhecidas. Elas são como que um resumo das Escrituras. Como diz o Catecismo da Igreja Católica "as bem-aventuranças estão no coração da pregação de Jesus" (CIC nº 1716). É a nova Lei, o novo código ético que Jesus entrega aos seus discípulos e que os discípulos entregaram aos nossos pais de geração em geração e que são o tesouro, a herança que nos cabe guardar, preservar e transmitir às novas gerações.
"Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu" (Mt 5,3)
Jesus declara que o Reino do Céu será dos pobres. Naquela época, como na nossa, proclamava-se bem-aventurada a riqueza e não a pobreza. No entanto cresce no seio do judaísmo a convicção de que os pobres (anawim) que vivem sob o domínio dos poderosos se viverem honestamente e praticarem a justiça serão recompensados por Deus. "A pobreza bem-aventurada deve ser acompanhada e determinada pela simplicidade de coração, pela convicção profunda da necessidade que o homem (o ser humano) tem de Deus, pela integridade de vida, pela abertura aos outros" [Comentários à Bíblia Litúrgica, p. 804]. A pobreza interior é condição para entrar no Reino porque o pobre abre o coração à dádiva, encontra-se disponível para receber.
Felizes os que choram porque serão consolados (Mt 5,4)
Deve entender-se esta bem-aventurança à luz da consolação trazida pelo Messias Salvador, por Jesus. Ele vem consolar todo o sofrimento humano. Vem resgatar-nos do pecado (entenda-se como tudo o que nos afasta de Deus) – causa do sofrimento. Jesus venceu o pecado, a dor, a morte, particularmente, no momento da Ressurreição. "Consolai, consolai o meu povo, é o vosso Deus quem o diz" (Is 40,1). O nosso Deus é um Deus misericordioso disposto a enxugar todas as nossas lágrimas - na tribulação, no choro, a esperança e a confiança da presença amorosa de Deus. Em jeito de conclusão: a felicidade (verdadeira) vem do amor que Deus deposita em cada um de nós ao qual correspondemos. Como Catequistas somos transmissores, anunciadores e testemunhas do amor de Deus. O nosso optimismo, a nossa confiança são fruto da nossa fé e da nossa confiança amorosa em Deus.
Bibliografia: Bíblia Sagrada; Catecismo da Igreja Católica; Bento XVI, Sacramento da Caridade - Exortação Apostólica pós-sinodal, Ed. Paulinas (2007); As pequenas Bem-aventuranças, Paul-Dominique Marcovits, Paulus Editora (2008);
[Texto realizado para Encontro de Espiritualidade com Catequistas – Arcos de Valdevez]

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