sábado, 28 de novembro de 2009

V - Um novo caminho para a sociedade

No último encontro dirigimos o nosso olhar sobre a sociedade em que vivemos tendo em conta três características (entre muitas possíveis): ‘aldeia global’; ‘a sociedade de consumo’; ‘política (bem público) e o futebol’. Hoje vamos perspectivar possibilidades de uma regenerada (novamente gerada) sociedade. Comunidade Global Passar da ‘aldeia global’ no que tem de indiferentismo e todas as outras possibilidades negativas (porque também tem positivas) para uma comunidade global. A comunhão como matriz identificadora da sociedade. Uma comunidade que é alimentada de pequenas comunidades que interagem entre si e constroem a grande comunidade global. A comunidade pressupõe a comunhão de princípios e objectivos que não são o somatório dos objectivos de cada um mas que são aqueles que a comunidade no seu todo identifica como tais. A comunidade global pressupõe a igualdade que leva à comunhão, nesta lógica ninguém domina porque apenas interessa o bem comum. A divisão tem que dar lugar à união no sentido da comunhão que acolhe a diferença e a diversidade. Sociedade da caridade (solidariedade) A comunhão conduz à caridade (conceito cristão – caritas/amor – Deus é amor - irmandade) ou a solidariedade (conceito laico – perspectiva da obrigação/humanismo) e não permite o consumo desenfreado de alguns e a morte à fome de muitos. Agir com caridade é reconhecer as minhas necessidades e as do próximo – partilha de necessidades e partilha de bens. Isto contribui para o equilíbrio da sociedade. Porquê? Porque diminui o fosso entre ricos e pobres e promove o crescimento contínuo da sociedade. Não quer dizer que acabam os ricos e os pobres (essa foi a tentação ou a utopia comunista que falhou a todos os níveis) mas que a riqueza está ao serviço de todos e não apenas de alguns. Um empresário que coloca os seus bens, o seu dinheiro ao serviço de todos promovendo o trabalho com salários justos está a desenvolver e o contribuir para o bem comum. Parafraseando um provérbio chinês – não dês peixe mas ensina a pescar – é talvez o que é mais necessário e mais difícil na nossa sociedade. Palavra de Deus “O sogro de Moisés disse-lhe: «Não está bem aquilo que estás a fazer. Com certeza desfalecerás, tu e este povo que está contigo, porque a tarefa é demasiado pesada para ti; não poderás realizá-la sozinho. Agora, escuta a minha voz; vou dar-te um conselho, e que Deus esteja contigo! Tu estarás em nome do povo em frente de Deus, e tu próprio levarás as causas a Deus. Adverti-los-ás dos preceitos e das instruções e dar-lhes-ás a conhecer o caminho que devem seguir e as obras que devem praticar. Escolhe tu mesmo entre todo o povo homens capazes, tementes a Deus, homens íntegros, que odeiem o lucro ilícito, e estabelecê-los-ás como chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta e chefes de dez. Eles julgarão o povo em todo o tempo. Toda a questão que seja grande, eles a apresentarão a ti, mas toda a questão menor, julgá-la-ão eles mesmos. Torna assim mais leve a tua carga, e que eles a levem contigo. Se fizeres desta maneira, e se Deus to ordenar, tu poderás permanecer de pé, e também todo este povo entrará em paz nas suas casas.» Moisés escutou a voz do seu sogro e fez tudo o que ele disse. Moisés escolheu de todo o Israel homens capazes e colocou-os à cabeça do povo, como chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta e chefes de dez. Eles julgavam o povo em todo o tempo: as questões difíceis levavam-nas a Moisés, mas todas as questões menores julgavam-nas eles mesmos” [Ex 18,17-26]. “Ao regressarem, os Apóstolos contaram-lhe tudo o que tinham feito. Tomando-os consigo, Jesus retirou-se para um lugar afastado, na direcção de uma cidade chamada Betsaida. Mas as multidões, que tal souberam, seguiram-no. Jesus acolheu-as e pôs-se a falar-lhes do Reino de Deus, curando os que necessitavam. Ora, o dia começava a declinar. Os Doze aproximaram-se e disseram-lhe: «Despede a multidão, para que, indo pelas aldeias e campos em redor, encontre alimento e onde pernoitar, pois aqui estamos num lugar deserto.» Disse-lhes Ele: «Dai-lhes vós mesmos de comer.» Retorquiram: «Só temos cinco pães e dois peixes; a não ser que vamos nós mesmos comprar comida para todo este povo!» *Eram cerca de cinco mil homens. Jesus disse aos discípulos: «Mandai-os sentar por grupos de cinquenta.» Assim procederam e mandaram-nos sentar a todos. Tomando, então, os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e deu-os aos discípulos, para que os distribuíssem à multidão. Todos comeram e ficaram saciados; e, do que lhes tinha sobrado, ainda recolheram doze cestos cheios” [Lc 9,10-17]. Pistas de interpretação Texto 1: o sogro de Moisés (Jetro) sugere a descentralização e a partilha do poder: prepara-se uma relação social baseada na liberdade, na vida e na dignidade de todos diante de todos e de Deus. O Antigo Testamento preconiza uma sociedade igualitária onde a única autoridade é a Deus que liberta para a vida. Texto 2: os apóstolos que são o início de uma nova comunidade têm como missão perceber e socorrer o povo que passa fome e de sugerir com o exemplo a parilha de bens. Deus do pouco faz muito. O pão da Eucaristia sendo pouco torna-se muito (pleno) pela presença real de Jesus Cristo. A Eucaristia é dom de Deus para a humanidade. Questões: Estas pistas de uma nova sociedade fazem sentido? Já fizeste alguma coisa para construir uma nova sociedade? Conheces algum grupo ou movimento que esteja empenhado em construir uma nova sociedade? Apresenta as tuas ideias sobre a (nova) sociedade (mínimo 20 linhas). Próximo encontro no dia 12 Dezembro às 21h;
[Texto realizado para o encontro de formação para a Celebração do Sacramento da Confirmação - Melgaço]

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