sábado, 14 de novembro de 2009

IV - Um olhar sobre a sociedade

Nos últimos encontros reflectimos sobre a nossa identidade enquanto pessoas. Vimos que a identidade da pessoa está em permanente construção e que vários são os factores que concorrem para a construção da identidade. Neste contexto hoje vamos olhar para a realidade que nos rodeia, na qual vivemos e estamos inseridos. Focamos apenas três questões mas muitas outras poderiam ser abordadas.
Aldeia Global Vivemos na chamada ‘aldeia global’ em que as situações, os dramas e as alegrias do mundo nos entram pelos olhos dentro quando estamos no sofá a descansar, quando estamos no trabalho ou quando vamos na rua. Entram-nos nos olhos pelos meios de comunicação em massa: televisão, internet, jornais, rádio, entre outros. O nosso olhar habitua-se a ver o que quer ver e o que não quer; os nossos ouvidos escutam o que querem e o que não querem. Vemos e ouvimos e nem paramos para pensar sobre isso. Os meios de comunicação podem passar de uma imagem de profunda pobreza em África a um desfile de moda em Paris numa fracção de segundos. Entram-nos as imagens sem contexto (por vezes, com texto truncado, preconceituoso e pobre) e nós habituamo-nos a vê-las sem fazer distinção. O drama da pobreza em África ou o desfile de moda em Paris produzem o mesmo efeito em nós sendo situações completamente diferentes. Com este processo tornamo-nos indiferentes porque tudo parece estar tão perto e tão longe; tudo vem e vai a uma velocidade estonteante. Somos bombardeados com informação e nem sequer temos tempo para a formatar. Tantas vezes, a indiferença perante as situações é transportada do virtual para o real – parece-nos a mesma coisa!
A sociedade de consumo Vivemos em plena sociedade de consumo produzida e perpetuada pela maior parte dos meios de comunicação em massa. Grande parte dos meios de comunicação está nas mãos de grandes grupos económicos que apenas pretendem aumentar o lucro. Assim, importa ter dinheiro a qualquer custo para poder ‘reinar’ nesta realidade que cria desejos e a sua satisfação continuamente numa situação de eterno retorno na lógica do desejo e da satisfação. Diante deste panorama cresce o número de excluídos, de dominados e subjugados pelo sistema que entram em desanimo e em depressão.
Política (bem público) e o futebol A política gira dentro da ‘sociedade de consumo’ e da ‘aldeia global’, como em tudo, com as vantagens e desvantagens inerentes. A política como serviço do bem público, muitas vezes, fica de lado e é dominada pela corrupção – pelo serviço de alguns. Isto acontece porque as pessoas (que constituem a sociedade) se demitem de reflectir sobre as acções dos seus políticos e de exigir mais e melhor serviço público. Portugal vive em crise desde há muito tempo porque os seus cidadãos se demitem de se inscrever (José Gil) nos actos da comunidade. Crise esta que dentro da ‘aldeia global’ se atira para a crise mundial. Nós não temos culpa! Limitamo-nos a reagir e nunca a agir no tempo oportuno. Os cidadãos - que são os habitantes de um país – são os responsáveis pelo andamento (ou não) desse mesmo país. Os portugueses demitiram-se de olhar para o seu país; demitiram-se de discutir o que é fundamental em política de investimentos, de mercado de trabalho, de economia e finanças e digladiam-se em questões marginais. Basta ver, neste contexto, quais são as prioridades do nosso governo (legalizar o casamento gay). E as questões fundamentais? Em Portugal existem 3 ou 4 jornais diários desportivos (futebol) que são dos mais lidos (a par de outras tantas revistas cor de rosa). O futebol discute-se em qualquer canto – em certos lugares com discussões bem acesas e azedas. Se os portugueses lessem e discutissem com tanto entusiasmo as questões politicas e económicas do nosso país como isto seria diferente. Confesso que gosto de futebol e do meu Benfica. Mas poderá o futebol ocupar o lugar central do meu dia, das minhas discussões e dos meus interesses? Para mim não!
Palavra de Deus "Jesus percorria as cidades e as aldeias, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do Reino e curando todas as enfermidades e doenças. Contemplando a multidão, encheu-se de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor. - Disse, então, aos seus discípulos: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe» " (Mt 9, 35-38).
"Levantou-se entre eles uma discussão sobre qual deles devia ser considerado o maior. Jesus disse-lhes: «Os reis das nações imperam sobre elas e os que nelas exercem a autoridade são chamados benfeitores. 26Convosco, não deve ser assim; o que for maior entre vós seja como o menor, e aquele que mandar, como aquele que serve. Pois, quem é maior: o que está sentado à mesa, ou o que serve? Não é o que está sentado à mesa? Ora, Eu estou no meio de vós como aquele que serve. Vós sois os que permaneceram sempre junto de mim nas minhas provações" (Lc 22, 24-28).
Questões: Esta descrição corresponde à realidade? Já tinhas pensado sobre isto? Apresenta a tua visão da realidade fazendo o contraponto com os dois textos da Palavra de Deus (mínimo de 20 linhas).
Próximo encontro no dia 28 de Novembro às 21h;
[Texto realizado para o encontro de formação para a Celebração do Sacramento da Confirmação - Melgaço]

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