domingo, 14 de março de 2010

XII - O pecado, a conversão e a Reconciliação

“O pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a recta consciência. É uma falha contra o verdadeiro amor para com Deus e para com o próximo, por causa dum apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e atenta contra a solidariedade humana. Foi definido como ‘uma palavra, um acto ou um desejo contrários à Lei eterna’” (CIC nº 1849). PECADO Como vimos na definição do Catecismo da Igreja Católica o pecado é tudo aquilo que nos separa de Deus e dos irmãos de forma livre e consciente. O cristão é chamado à comunhão e à identificação com Cristo. Mas a comunhão e a identificação com Cristo é um acto livre do ser humano para com Deus; o pecado é, precisamente, o romper da comunhão com Cristo. Deus dá-se continuamente a cada um de nós através de Jesus Cristo. Não acolher este ‘dom’ é não criar comunhão com Deus e por isso pecar. Todos nós de uma maneira ou de outra somos pecadores e sofremos as consequências do pecado na nossa vida. A comunhão com Deus tem que ser entendida na dimensão de filiação, todos nós somos filhos de Deus e habitação de mesmo Deus. O pecado desfigura esta filiação e corrompe a comunhão com o criador. Só quem entende e acolhe que é filho de Deus e morada de Deus é que sente que é pecador e infiel. Só na relação com Deus é que nos sentimos pecadores. Na Sagrada Escritura temos muitas histórias de pecadores mas, ao mesmo tempo, muitas histórias da misericórdia divina. Ao pecado do ser humano corresponde a misericórdia de Deus. É preciso sentir o pecado à luz da Aliança que Deus estabeleceu com o povo de Israel do qual nós somos herdeiros. O pecado pode adquirir realidades ou consequências exteriores mas é sempre ou parte sempre de uma realidade interior, do coração. Hoje em dia existe menos sentido do pecado porque existe menos relação com Deus (perdeu-se o sentido de Deus), ou melhor, porque se perdeu a noção de culpabilidade (a culpa é dos outros, da sociedade, da natureza, do ambiente, das estruturas, etc.) ou do sentimento de pecado. O pecado começa com o fechamento do ser humano sobre si próprio. O pecado não tem todo o mesmo índice de culpabilidade ou de gravidade. O pecado mortal é praticado livre, voluntaria e conscientemente. O pecado venial é da dimensão do hábito, das nossas fraquezas e limitações. O pecado da omissão, muito presente nas nossas vidas, é sempre que nós por preguiça ou por comodismo não fazemos o que devemos. Isto para enumerar algumas categorias de pecado. Importa perceber que o pecado não é só matar ou roubar mas que é tudo aquilo que mata ou rouba à nossa relação com Deus e com os irmãos. CONVERSÃO A conversão é uma mudança clara na aceitação e no acolhimento de Jesus Cristo e do Seu Evangelho. A conversão está intimamente unida à dimensão de penitência no contexto bíblico. Por exemplo: Jesus iniciou a sua vida pública depois de ter estado em penitência no deserto. A penitência não é algo exterior e penoso mas adesão clara e inequívoca, de todo o coração a Jesus Cristo. A penitência é entendida como tempo de preparação. A penitência ou a conversão é uma atitude de confiança e de entrega a Deus com simplicidade e humildade. É o acolhimento do Seu chamamento a segui-Lo. A adesão a Jesus Cristo manifesta-se através de atitudes e gestos. Na Quaresma os cristãos são interpelados a converter o coração ou a fazer penitência e em consequência fazerem oração, praticarem o jejum e a partilha (esmola). RECONCILIAÇÃO A penitência além de ser uma virtude ou uma acção de acolhimento da Palavra de Deus é um Sacramento – que designamos de Reconciliação e vulgarmente é conhecido por Confissão. A Reconciliação é o reconhecimento diante de Deus e de um sacerdote que está em nome de Deus para nos ouvir e invocar o perdão de Deus. No Sacramento da Reconciliação nós celebramos e acolhemos com alegria a misericórdia de Deus. O Sacramento da Reconciliação ou do perdão não é uma consulta de psicologia mas um encontro onde as pessoas podem ser aconselhadas na sua vida espiritual. Não se trata apenas de enumerar os pecados mas de fazer uma caminhada de crescimento espiritual. A confissão dos pecados é apenas uma das partes do Sacramento da Reconciliação. Confessar implica reconhecer para si próprio e diante de um padre que também é pecador mas que está ali em nome de Deus e é nome de Deus aconselha, que acompanha e que invoca a misericórdia ao mesmo Deus. PALAVRA DE DEUS “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, com medo das autoridades judaicas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!» Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o peito. Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor. E Ele voltou a dizer-lhes: «A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós.» Em seguida, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos.»” [Jo 20, 19-23] QUESTÕES: Que se diz sobre o pecado? Que se diz sobre o Sacramento da Reconciliação? Existe pecado? Em 15 linhas responde e diz o tu pensas sobre tudo isto. Próximo encontro no dia 27 de Março às 21h; [Texto realizado para encontro de formação para a celebração do sacramento da Confirmação - Melgaço 2010]

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